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"Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, / De vos ouvir demasiadamente de perto, / E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso / De expressão de todas as minhas sensações, / Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!"



Sábado, 26 de Novembro - Festival Rock da Velha, diário de bordo

São cinco horas de uma tarde fria, muito fria, quando dois quintos dos Waste Disposal Machine chegam à em Sociedade Recreativa e Filarmónica Pernense da Música VelhaPernes [Santarém]. Somos recebidos pelo André, principal impulsionador de um festival que vai na sexta edição. Depois chegam os Devonian de Almeirim e os Process of Guilt de Évora. Os restantes três quintos dos Waste Disposal Machine chegam depois das 18h00. Mais tarde juntam-se a nós o Sérgio [a.k.a. Sardin] que iria ter a seu cargo as projecções de vídeo.
Só depois das 19h00, e com considerável atraso relativamente ao horário programado, começa o sound-check: primeiro os Process of Guilt, depois nós e finalmente os Devonian. Acabamos o nosso sound-check e saimos a correr para a Tasca de Pernes, onde são servidos os jantares e onde os Process of Guilt acabam o seu jantar. São 21h00 e faz cada vez mais frio em Pernes [felizmente não chove]. Depois de jantar, regressamos à Música Velha para ultimar pormenores antes da nossa actuação.
Os Devonian começam a tocar cerca das 23h00 perante uma sala praticamente vazia [e fria, muito fria]. Começam com um instrumental e, à medida que a sala vai enchendo, vão cativando os presentes com o seu metal técnico e melódico a lembrar, por exemplo, Theatre of Tragedy. Entretanto, sou informado que devido a problemas com o computador não vamos ter as programadas projecções. Paciência. Os Devonian terminam o seu concerto com um tema em que convidam o vocalista de Ciborium para os acompanhar em palco e é a nossa vez de subir ao palco. Cruzo-me com dois Devonian nos bastidores e parece-me que não ficaram totalmente satisfeitos com a sua prestação [provavelmente terão tido um daqueles "pregos" apenas perceptíveis por quem é músico ou conhece muito bem os temas - a mim pareceu-me uma actuação competente e segura].
É meia noite e meia hora quando começamos o nosso concerto. Interference e 9:38 a.m. dão o pontapé de saida. Segue-se As Time Goes By e vejo a sala mais composta. De seguida tocamos Girl Within A Motorcycle e, finalmente, o público chega-se à frente. Vamos no terceiro tema e a máquina está agora quente [quem é músico já sabe que os primeiros dois ou três temas servem geralmente para "aquecer os motores" e tomar o pulso ao público]. Continuamos com One Thousand Times e [I Sing The] Body Electric e, estranhamente, o som de palco começa a piorar. Prosseguimos com In The Hourof Death, estreamos uma cover-version [24 Hours de Joy Division, que poucos terão reconhecido] e acabámos o concerto com Infotainment, Infoxication [antes do qual houve um corte de energia] e Un_Real. Pela primeira vez em todo o dia tenho calor [e descubro que tenho uma ferida no lábio - ou o trinquei ou foi um acidente com o microfone - ossos do ofício...]. Saímos rapidamente do palco e cruzamo-nos nos exíguos bastidores com os doomsters eborenses Process of Guilt que começam o seu concerto por volta da 01h50. Os Process of Guilt são pesados, pesadíssimos, e lentos como qualquer banda de doom que se preze. Têm uma presença impressionante em palco e um som enorme que só foi prejudicado pelo fraca qualidade do som de bateria [problema que já tinha afectado os Devonian e ao qual escapámos porque...neste concerto não usámos bateria]. Depois do poderoso concerto de Process of Guilt, é tempo de desmontar o material, carregar tudo e acabar com as senhas de consumo. Depois das despedidas é hora de regressar à base, descarregar o material e voltar a casa. Continua frio, muito frio.

João Gonçalves [vocalista de Waste Disposal Machine]

[Texto publicado em d:/moni1/]

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posted by Waste Disposal Machine @ quarta-feira, novembro 30, 2005,

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