"Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, /
De vos ouvir demasiadamente de perto, /
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso /
De expressão de todas as minhas sensações, /
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!"
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Vamos começar esta crónica admitindo que as sonoridades mais industriais não costumam ser muito habituais nos nossos espaços, quer escrito (blog) quer falado (rádio). No entanto, não quer dizer que essa situação não possa começar a mudar. E a melhor forma de isso acontecer é, precisamente, com a estreia dos Waste Disposal Machine (WDM). Certo que quando se fala em industrial alguma facções mais metálicas torcem o nariz, mas não é menos verdade que grupos como os Ministry ou os Rammstein (para citar apenas exemplos mais mediáticos) têm tido algum sucesso nos meandros mais virados para o metal. Ora, o que estes WDM nos propõem é, também, um industrial com um pé (às vezes até os dois) no metal. O que desde logo é muito bom. No meio de tanta maquinaria (ligeira e pesada) conseguem-se notar alguns apontamentos mais orgânicos que passam por melodias bem apuradas ou por ambiências sofisticadas. A introdução do álbum é, neste caso, uma mais valia. Um discurso brilhante a abrir as hostilidades, num registo de criatividade e tecnologia raro entre nós. Depois de abertas as hostilidades, somos fustigados por um fantástico conjunto de temas onde a maquinaria pesada dá o mote, mas sem esquecer toques de pormenor (a tal chamada maquinaria ligeira!) e melodia. Quando nos referimos a pormenores estamos a falar de pequenos sons ou ruídos estrategicamente colocados ao longo dos temas que ajudam a elevar o potencial da faixa a níveis muito mais interessantes. Uma forma de introduzir o factor variedade algumas vezes arredio de colectivos dentro do género e que os WDM sabem fazê-lo de forma perfeita. I Sing The Body Electric ou Home Sweet Home são bons exemplos desse cruzamento entre tecnologia e orgânica. Mas é em Un_Real, um tema que chega a ir buscar influências Moonspelianas, onde mais se nota a capacidade metálica e criativa da banda. O álbum fecha com quatro remixes de dois dos temas efectuados por nomes sonantes da cena electrónica nacional. Em termos puramente musicais esses quatro temas nada acrescentam ao álbum. Para os mais fanáticos, nomeadamente pela temática electrónica/industrial, poderão ser interessantes.»
http://vianocturna2000.blogspot.com/2008/12/review-interference-waste-disposal.htmlEtiquetas: Interference, reviews
posted by Waste Disposal Machine @ quinta-feira, dezembro 18, 2008,
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